Frank, o corredor

Sérgio Xavier

Williams”. Está lá no Netflix. Tremendo documentário sobre Frank Williams, o todo poderoso da Formula 1. O filme conta a história do ex-piloto que se tornou chefe de equipe e uma lenda do automobilismo mundial. Não é apenas para aficcionados pela velocidade. É um documentário que conta a vida de um sujeito obcecado pela vitória e esmiúça os seus dramas familiares. De quebra, uma aula de história esportiva. Piquet, Senna, Mansell, Sir Jackie Stewart, grandes nomes com seus depoimentos relevantes.

Recomendo demais o documentário, mas não é sobre automobilismo que quero falar. Não sabia e descobri pelo filme que Frank era um corredor da pesada. Não o piloto, mas o bípede corredor. Frank Williams hoje é visto pelo circo da F1 andando em sua cadeira de rodas. O documentário relata o acidente automobilístico que quase o matou e o deixou paraplégico. Antes do acidente, porém, Frank era visto nas vésperas dos grandes prêmios mandando ver na pista. Só que ele corria sem motor, com as próprias pernas. E era veloz pra chuchu. Há cenas do filme com ele correndo. E me chamou atenção o seu ritmo. Ele parecia correr realmente rápido.

Fui dar uma pesquisada no lado atleta de Frank Williams. Não me enganei. Frank era obcecado pela velocidade e por seus tempos pessoais. Corria diariamente, e distâncias respeitáveis. Algo como 15 ou 20 quilômetros por dia. Anotava tudo. Previa a própria evolução. Queria ter feito uma maratona, mas sabia que não tinha o tempo necessário para treinar. Frank fixou então como objetivo correr meias maratonas. E não brincava de serviço. Seu melhor resultado em meia foi 1h18min32. Uma marca expressiva para amadores que até pode render pódio em provas menores. Tinha planejado baixar esse tempo no fim de semana quando sofreu o acidente. Acelerou nas sinuosas estradas francesas justamente para chegar mais cedo em casa. A pressa acabou com o sonho.