Juiz lentão

Sérgio Xavier

Aconteceu há alguns anos. Eu dirigia na época a revista Placar. Estava treinando para a maratona, andava em forma. Bons tempos, 10 quilômetros na faixa de 44 minutos, meia abaixo de 1h40min, me sentia forte. Aí li a notícia no jornal que uma série de árbitros importantes do futebol brasileiro estavam afastados por não conseguirem passar nos testes físicos. Como assim? Quanta incompetência, pensei eu. E se eu, já beirando os 50 anos e “amador profissional”, fizesse uma reportagem mostrando que era possível passar no teste?

Precavido, antes de colocar a reportagem na pauta, fui ao Parque do Ibiraquera fazer o “teste do teste”. Eram dois desafios. Precisava dar seis tiros de 40 metros em menos de 6 segundos. Depois, 40 tiros de 75 metros em menos de 15 segundos com um intervalo caminhando de 20 segundos. Acho que é fácil, pensei. Talvez sofra um pouco na primeira série, já que nunca fui um velocista.

Fato. Sofri. Como fiz sozinho a tentativa, sem a ajuda de alguém na cronometragem, as medições saíram imprecisas. Mas sei que estava fracassando. Um cansaço descomunal, e a performance despencando a cada tentativa. Era evidente que minha carreira de árbitro terminava antes de iniciar. Pior, eu não tinha nem uma reportagem a fazer, nada a provar. Infelizmente não deu.