“Més que un marató”
Éramos 45. Apenas 45 brasileiros em uma maratona que ainda não entrou no radar verde amarelo. Para se ter uma ideia, na última maratona de Chicago eram 956 maratonistas brasileiros inscritos. Sim, Chicago vale muito a pena, tremendo evento, percurso plano, possibilidades múltiplas de diversão na cidade. O curioso é Barcelona não ter entrado ainda na lista de desejos dos maratonistas do Brasil.
Desnecessário falar da capital da Catalunha como destino turístico. História, belezas naturais, comidas, arquitetura e Messi, não faltam atrações na cidade. Vale falar é da Maratona de Barcelona que completou 40 anos no domingo, 11 de março. Brasileiros costumam ir atrás de Nova York, Chicago, Berlim, Paris, Boston, Londres, Amsterdam e Buenos Aires. Barcelona não aparece nessa relação, talvez por falta de informação.
Muita gente imagina que a Maratona de Barcelona é uma encrenca só. A turma pensa em Ramblas, rampas e montanhas para subir. E ela é praticamente plana. Pequenas inclinações, leves subidas e descidas. E belezas. Uma prova de 20 mil participantes que faz questão de passar pelas obras de Gaudí, seus principais prédios e sobretudo a extraordinária Sagrada Família.
Um percurso que contempla o Camp Nou, o estádio do Barcelona, as principais avenidas do centro, a linda Vila Olímpica de 1992 e o mar. O público é presente e extremamente carinhoso. Nos meus momentos de fraqueza, a turma tentava me convencer a não parar de correr, tudo com carinho. Organização impecável, hidratação a cada 2,5 km, com direito a gel em três pontos. Temperatura próxima do ideal, entre 10 e 17 graus, o que mais um maratonista pode querer?
De minha parte, só queria um refil muscular a partir do quilômetro 35. Foi só o que me faltou. Meu ciclo de treinos foi imperfeito, tive uma contratura no posterior direito e perdi quase um mês de treinos. Faltou volume de treino, sabia disso. Corri até onde deu. Até o quilômetro 35, realmente me diverti, corri num ritmo agradável que me projetava uma prova para 3h34, excelente para as circunstâncias. A partir dali, tive que negociar com as pernas, músculos e cabeça. Precisei caminhar em alguns trechos e terminei em 3h49 também satisfeito pelas circunstâncias.
Barcelona vale a pena sempre, em todos os sentidos. Até para correr forte. Pelo conjunto da obra, dá tranquilamente para colocá-la entre as maratonas mais legais do planeta. O lema em catalão do clube Barcelona é “Més que un club”, ou “Mais que um clube”. Para a maratona, não seria exagero adaptar a expressão para “Més que un marató”.