Campanha pelo desarmamento… nas pistas
Chega de tiros. Vamos viver em paz. Ninguém aguenta mais violência. Insuportável essa sensação de pânico pouco antes do primeiro tiro. É difícil até precisar quando vai doer mais. Se a dor mais aguda é pela ansiedade do que acontecerá na sequência ou se no momento do balaço.
Estou firme na campanha pelo desarmamento. Chega de tiros na planilha. É muito sofrimento. Conheço toda a teoria dos treinos intervalados. Tudo faz sentido, sei. Se estipula uma distância curta que pode variar de 50 metros a 1 quilômetro e sebo nas canelas. Um tempo para se recuperar e mais uma vez o tormento. E outra, e outra. Para aumentar nossa velocidade, aumentamos a frequência de passadas, fazemos muito mais força. É mais energia, mais sangue e mais oxigênio para os músculos. O corpo absorve a carga de treinamento e na próxima sessão estará apto para desafios mais exigentes.
Para corredores de longas distâncias (de 5 km até a maratona) como eu, tudo parece fazer menos sentido. Para que ser mais rápido se, no fundo, eu quero ser mais resistente? Mas os desgraçados dos tiros funcionam, sobretudo quando encaixados em uma planilha lógica que preveja evolução sem riscos de sobrecarga e lesões. Ficamos mais rápidos, claro, mas principalmente mais resistentes. Uma série semanal de tiros de 500 metros pode ser extremamente útil para uma maratona, acredite.
Sei de tudo isso. Mas o final de um treino intervalado bem feito é o que existe de mais próximo da morte. Falta ar, dói tudo. Vai passar depois. Só que na hora, não parece que vai passar depois.
Quando terminei hoje minha oitava série de tiros de 500 metros prometi que começaria imediatamente a campanha pelo desarmamento da planilha. Chega de tiros!
Até que eu me inscreva na próxima maratona e queira, como sempre, uma boa performance, posso assegurar:
É verdade esse bilete.