Correria https://correria.blogfolha.uol.com.br Mon, 19 Nov 2018 15:21:45 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 O sarrafo no céu https://correria.blogfolha.uol.com.br/2018/09/28/o-sarrafo-no-ceu/ https://correria.blogfolha.uol.com.br/2018/09/28/o-sarrafo-no-ceu/#respond Fri, 28 Sep 2018 21:35:24 +0000 https://correria.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/IMG_2378-320x213.jpg https://correria.blogfolha.uol.com.br/?p=184 A sensação é a do turista que desembarca no aeroporto de uma cidade estranha com pouco dinheiro no bolso. Faz as contas, acha que dá para pagar o táxi. Quando chega ao destino, o motorista informa que não vale o que está expresso no taxímetro. Tem bandeira dois, e aí, para pagar…

Pois a Maratona de Boston fez isso com a gente. Na quinta-feira, 27 de setembro, avisou o mundo da corrida que está cobrando bandeira dois, quer dizer, quase uma bandeira 3. Não se trata do valor da inscrição, mas de algo muito mais caro para quem pratica esporte amador: desempenho.

Para ter o direito de participar da mais longeva maratona do planeta, é preciso bom desempenho anterior em alguma maratona homologada pela Federação Internacional de Atletismo. Há uma tabela informando os tempos mínimos para cada faixa etária de homens e mulheres. Não bastasse esse muro para escalar, há um outro sarrafo para passar: como faltam vagas para tantos interessados, a organização da Maratona de Boston estabeleceu o tal do “cut off”, uma nota de corte mais exigente. E, no dia 27 de setembro, a notícia foi que para ter o direito de correr Boston em abril de 2019 cada atleta precisaria ter corrido uma maratona 4min52 abaixo da rigorosa tabelinha.

Não se trata de sadismo. O espírito de Boston é esse mesmo. E por isso ela é tão desejada. A prova completou 122 anos valorizando a excelência. Uma maratona para os melhores corredores amadores em cada faixa de idade. Para participar da brincadeira, é preciso levar a sério todo o ciclo de treinamento. A organização recebe o volume de inscrições e checa os tempos de maratonas anteriores informados pelos atletas. Só depois disso o “cut off” é definido. Se há, digamos, mil vagas na categoria “homens entre 40 a 45 anos” e 1.500 se inscreveram, os 500 mais lentos desse pelotão vão bailar. E o tempo real de qualificação, nesse hipotético caso, não será mais “abaixo de 3h25”, e sim “abaixo de 3h20min08”.

ÍNDICE PARA CORRER BOSTON

O fator que mais influencia a nota de corte é o desempenho dos atletas nas provas em que há mais qualificados para Boston. As quatro “maiores fornecedoras” em volume (não em percentual) de classificados para Boston são a própria Boston, Chicago, Nova York e Filadélfia. Esquentou nessas provas e o tempo médio caiu? É bem provável que a nota de corte para a maratona de Boston do ano seguinte também caia. Boston 2018 esteve perto da catástrofe. Temperatura perto do zero, chuva, vento, umidade altíssima. A performance geral despencou, havia a expectativa de que a nota de corte fosse mais camarada. Engano. A procura por Boston aumentou demais nos Estados Unidos e no resto do mundo. Mesmo com os desempenhos piores de Boston 2018, o sarrafo subiu para inéditos 4min55, o maior desde que a organização passou a adotar o critério em 2013.

Cheguei ao meu limite para conseguir o índice e participar da edição 2017 da prova. Um feito que valeu até o livro “Boston, a mais Longa das Maratonas” que escrevi após oito anos tentando a “maratona perfeita”. Estava pensando em tentar de novo em alguns anos, quando mudo de categoria e o tempo exigido ficaria mais factível. Não sei não. Do jeito que vai, o sarrafo vai ser colocado tão alto que não vou nem enxergar onde ele está.

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Londrina em Londres https://correria.blogfolha.uol.com.br/2018/05/10/londrina-em-londres/ https://correria.blogfolha.uol.com.br/2018/05/10/londrina-em-londres/#respond Thu, 10 May 2018 14:38:27 +0000 https://correria.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/d4ee6700-3f32-41f2-a8b1-b970c5ab00b0-320x213.jpg http://correria.blogfolha.uol.com.br/?p=153 Eram 350 mil bípedes no ano passado, todos com uma única obsessão: correr 42 quilômetros sem parar. O que já estava difícil, ficou um tantinho mais. A organização da Maratona de Londres divulgou o número de inscritos para o sorteio da maratona do ano que vem: inacreditáveis 414 168 pessoas. É quase como se toda a população de Londrina se inscrevesse para correr Londres como uma espécie de “contra-homenagem” à capital britânica (Londrina foi criada por um inglês em 1930 e assim batizada porque a neblina da região lembrava Londres).

Fossem sorteadas todas as 40 mil vagas já seria uma tremenda sorte estar entre os contemplados. Mas não é bem assim que funciona a coisa. A organização reserva um número expressivo de vagas para arrecadação beneficente, para patrocinadores e para residentes britânicos com índice de desempenho (ao estilo Boston). Estima-se que sobrem umas 20 mil vagas que vão efetivamente para sorteio. Ou seja, mais ou menos uns 20 candidatos por vaga. Será preciso muita reza brava para estar entre os felizardos. Apesar de toda minha descrença no tal do além, deixei uma humilde oferenda na esquina aqui de casa. Vai que…

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Final de Copa https://correria.blogfolha.uol.com.br/2018/04/14/final-de-copa/ https://correria.blogfolha.uol.com.br/2018/04/14/final-de-copa/#respond Sat, 14 Apr 2018 14:03:57 +0000 https://correria.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/IMG_3327-320x213.jpg http://correria.blogfolha.uol.com.br/?p=129 Deu um trabalhão, mas saiu. Oito anos tentando o índice, mais de 10 mil quilômetros rodados em treinos. Um pouco de sangue derrramado em quedas, hectolitros de suor produzido e alguns mililitros de lágrimas quando a meta foi alcançada. O sonho de correr a Maratona de Boston se materializou em uma linda edição de 200 páginas com o azul e o amarelo da prova dando o tom geral. “Boston, a mais longa das maratonas” está impresso e disponível em livrarias, na Amazon, no site da editora, a Arquipelago.com.br. O lançamento foi em São Paulo, no dia 10 de abril, amigos e desconhecidos me lembraram como valeu a pena todo esse esforço para participar da mais tradicional maratona do planeta.

Achei que conquistar o índice, correr a prova e lançar o livro fechavam esse ciclo emocional. Mas não acabou. Nessa segunda-feira, a partir de 10h30 da manhã, o Sportv 2 transmite a maratona com a narração do maluquinho estudioso Sérgio Arenillas e os comentários do imenso Lauter Nogueira.

Recebi radiante a notícia que também estarei nos comentários de um evento que mexeu com minha vida nos últimos oito anos. Foi como ganhar a credencial de uma final de Copa do Mundo, e isso já aconteceu três vezes comigo. Na verdade, foi mais. Participar da transmissão dessa prova mexe muito mais. Sei que virão as emoções da largada, das passagens, da obsessão por poder participar, das conversas com todos os personagens que entrevistei. Lembrarei dos grandes duelos do passado, da luta dos sobreviventes do atentado de 2013, das histórias pouco conhecidas, de tudo.

É evidente que Lauter não perderá o foco da disputa pela ponta, virá com aquelas contas doidas dele projetando tempos, trará informações preciosas dos atletas. Para ele, Boston, como Nova York, Londres e Berlim, é um grande palco do atletismo mundial. Para mim, a percepção é diferente. Estou com 13 maratonas completadas, já cobri provas, grandes eventos, estive na maratona olímpica de Londres, fiz um montão de coisas. Mas Boston é uma emoção particular. E emoção não se explica, se vive, se aproveita. Segunda-feira, a partir das 10h30 no Sportv 2.

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A mais longa https://correria.blogfolha.uol.com.br/2018/03/06/a-mais-longa/ https://correria.blogfolha.uol.com.br/2018/03/06/a-mais-longa/#respond Tue, 06 Mar 2018 16:42:51 +0000 https://correria.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/Arqui-Boston-card-pre-venda3-320x213.png http://correria.blogfolha.uol.com.br/?p=111 Maratonas, em tese, são todas iguais, intermináveis em seus desumanos 42 195 metros. Em tese. Na vida real, essa distância aumenta ou diminui conforme os treinos. Quanto mais bem treinado, menos longa é a maratona. Elas são diferentes ainda nos apelos, quentes, frias, planas, acidentadas. São diferentes no calor humano, umas deserticamente cruéis, outras maravilhosamente acolhedoras.

Boston, porém, é a mais longa de todas. Uma ultra sem extrapolar os 42 195 metros. Uma maratona seletiva que exige desempenhos anteriores. Para correr, não basta querer, é necessário buscar antes um índice em sua faixa de idade. Boston era a minha obsessão, briguei anos para conseguir participar. Consegui. Precisava contar essa e outras histórias dessa que é a mais incrível de todas as maratonas.

Dia 11 de abril, o livro será lançado na Livraria Cultura do Conjunto Nacional em São Paulo. Pelas 19 horas, na esquina de Avenida Paulista com Augusta, lá estarei. O livro já pode ser comprado com desconto pelo site da Editora Arquipélago (http://bit.ly/2Hb07mg). Não se trata de um guia, muito menos de um registro histórico. É um livro de histórias reais, que têm muito a ver com nossa batalha diária na perseguição dos mais variados objetivos. Demorei oito anos para poder reunir essas histórias. Deu trabalho, mas valeu, como valeu.

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